03/04/2015

A chuva parece ter, finalmente, partido. Os dias alongam-se nas horas e a noite queda mais lenta, como se demorasse mais a chegar.
Há uma intensidade nas coisas que acontecem lá fora, diferente do que se sucede no tempo de aqui. Aqui já nada se move da mesma forma, já nada acontece, já nenhum movimento se espera.
Das janelas vê-se, primeiro, as grades; só depois o rio, só depois o céu.
Daqui, de onde eu estou, há uma grade que me separa de tudo o que acontece fora de mim e ao que eu pareço não poder chegar.
As coisas que acontecem em mim não são as coisas que podem ser fora de mim.
Aqui já não há nada intenso, nem longo, sem ser a imensidão da solidão que me ocupa no vazio. Tudo é lento, sim, mas tudo acontece sob a forma de chuva. Chove aqui dentro e não depois de aqui. A chuva parece, finalmente, ter cessado; excepto em mim.

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