04/11/2010

Compreendo o porquê exacto que te leva a não chegares aqui.

[Tão louca razão que sabe não querer saber quando sabe.]

Vejo que o deserto não pode ser um lugar para quem só sabe amar o mar.

[Que há saudade do mar somente no deserto, finge:]

Percebeste, pouco depois de tocares esta areia, que o lugar de ti não podia acontecer aqui.

[e foi assim um feito des-feito]

 Não podia ser agora.

[com desfecho:]

Sei porque é que não me tocas quando me suspendo no teu respirar.

[a distância encarnada, uma ligeira travessura:]

Sei porque não me olhas quando rasgo os pulsos e escorro o sangue como se fosse chuva.

[de seres impossível várias vezes, repetida e tragicamente, acontecida gota a gota.]

Reconheço que não saibas os passos que danço quando estás de costas para o lugar onde eu ainda consigo existir.

[Respira. Sente. Respira. Pensa. Respira… e mais um pouco, a pouco.]

Sei bem porque é que eu sou ainda um deserto.

[Acordo e sei que por detrás da janela – lá fora –  há, inevitavelmente, gente.]

Sei bem que tu vais ser sempre o mar. Longe.

[E que ser gente é, paradoxalmente, evitável.]

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