Se pudesse, segredava-te no corpo que me dói tudo aquilo que deixei acabar aqui. E, logo de seguida, gritava-te dentro do vazio que sobra em mim, até sangrares nos dedos. Colocava meu escutar sobre a tua boca e esperava que fechasses os olhos e dissesses…
dissesses…
que…dissesses…
Levava os dedos ao teu olhar fechado para que me visses a desaparecer e dissesses…e…
Despia a roupa toda na noite gelada – faz frio aqui, lembras-te? – e esperava que abrisses a boca para me veres quebrar e dissesses…
Se pudesse, segredava-te nos dedos a que sabe o meu sangue e não esperava, mais, que me olhasses nos olhos e fechasses a boca no silêncio sepulcral que só tu podes saber.
Se pudesse, obrigava-te a gritares dentro do meu vazio que já não há mais nada que me possa doer. Que dissesses…
que dissesses…
que
agora
já
não
vai
doer.
Mas só estou eu aqui. Lembras-te?
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