Quero pegar neste cavalo ensandecido que galopa a minha mente e largá-lo nesse lugar deserto que é teu sentir.
Reconheço que tenho a boca conspurcada, as palavras sujas, a tinta que me corre nos dedos contaminada e talvez, apenas talvez, queira violentar-te, (ab)usar a tua pele, permitir tua pomba voar sobre o que restar de mim e jamais compreender teu desejo.
Talvez queira que não pares mais aqui. Que escorras sobre mim e me abandones no deserto.
Talvez escolha morrer da sede do que vinha depois e não deixar cair a dignidade das penas sobre a maré vazia.
Vou deixar que este cavalo galgue a incerteza das areias e caia, em silêncio, sobre o abismo da minha solidão.
Sem comentários:
Enviar um comentário