18/04/2022

Temo que todos os actos de amor sejam, na verdade, somente actos de egoísmo puro.

Amamos as pessoas que amamos ou amamos o que nos faz sentir o amado? 

Talvez amemos apenas o que recebemos e não o que damos. Mesmo quando queremos entender que é o oposto, não o é.  Amar é um acto de egoísmo. 

E se, talvez, o que dermos não seja mais do que o reflexo do que recebemos? Estamos verdadeiramente a dar ou apenas a reagir? Se o que damos é igual ao que recebemos e seja sentido na mesma intensidade, então aí seria um acto equitativo e justo. Mas não andaremos apenas nas arestas do amor a encontrar o que podemos receber pois é, de facto, o que recebemos, o determinante que nos mantém a arder nas arestas? 

Aquilo que damos esgota-se. Repete-se. Arrepende- se. Entedia-se. Aniquila-se. Cansa-se. Esconde-se.

O que se recebe, não. O que nos é dado, alimenta o fogo. Facilita. Constrói. Estrutura. Serena. Engana.

Não se amam as pessoas em si mesmas mas somente o que elas nos deixam trazer de si para dentro de nós. 

Temo ter nascido no lado errado das coisas certas porque amo sempre de todas as formas erradas de amar. 

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