Não é preciso nenhum perdão. Não houve nenhum pecado.
É chegado o tempo de recomeçar. Pegar nas feridas e fechá-las com o sal e com a terra. Cravar a pele dos pés no caminho e seguir. De novo. Em frente.
É tempo de olhar para o que o luar revela sob a terra quente, por dentro das sombras da noite. É a lua a lamber as arestas do que foi, e a impedir que a escuridão seja o que tem possibilidade de permanecer.
Não. Embora pareça triste o canto das gaivotas que recolhem as asas do calor do dia, é livre seu voo e é pura sua esperança. Amanhã, tudo recomeça.
É tempo de pegar em todos os gestos de amor e guardá-los na lembrança do caminho. Ter a mestria para saber usar o que deles nasceu para o que está por vir. É tempo de agradecer o tempo e aceitar o que sobrou. E ver a beleza do poema que se escreveu nas linhas incertas dos espinhos e das marés.
Não há perdão pela razão de não haver lugares de culpa. Amanhã, será menos triste o canto e mais livre o voo.
É isso que se faz com o amor. Coloca-se sobre as asas, sobre a pele dos pés, sobre os dedos e sobre o caminho e segue-se em frente, renascido.
Sem comentários:
Enviar um comentário