15/06/2020

MaTeriA

Há uma melodia que exala do ranger da madeira destas escadas velhas. Faz lembrar teu nome. 
De cada vez que alguém por aqui passa nos passos, 
despercebidamente, 
seguro-me diante da porta. Fechada. 
Antecipo-me ao vazio que só se pode encontrar perante uma porta que abre para ninguém. 
De cada vez que as escadas cantam, é teu nome que eu ouço. É tua voz que eu escuto. É teu chegar que me aparece na utopia. 
Fecho os olhos no momento exacto em que quem passa, não para. Em que quem passa, segue. Em que quem passa, não fica do lado que fica no lado oposto desta porta fechada. 

Há uma melodia que nunca se completa. 
Um chegar eternamente adiado. 
Uma madeira que envelhece suspensa por dentro do ranger da minha exasperação. 

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