30/04/2016


Estou apenas a aguardar que o tempo cesse de correr. Estou à espera de que os ossos cessem de ranger dentro da terra que me cobre. Estou a sentir o corpo a acinzentar enquanto o alcatrão aquece sob o calor que emana da tua raiva. Procuro as sombras que restam nas ruas que faltam para chegar a um qualquer lugar. É a última vez que te pergunto porquê. É a última vez que te digo porquê. Estou a aguardar que o tempo mude e deixe de fazer calor. Sinto o corpo a morrer na incerteza dos dias que não cessam de continuar. Os meus pés estão gelados sobre o alcatrão molhado do orvalho do início dos dias em que me sei sem verdadeiramente me reconhecer. É a última vez que te pergunto. É a última vez que te digo. Estou a sentar-me no chão vazio e a gritar no toque das tuas mãos. Vou esperar que o tempo pare e eu recomece a respirar. É a última vez que te pergunto porquê. Desvaneço com as sombras que restam nas paredes desta cidade vazia.

Sem comentários:

Enviar um comentário