Estou apenas a aguardar que o
tempo cesse de correr. Estou à espera de que os ossos cessem de ranger dentro
da terra que me cobre. Estou a sentir o corpo a acinzentar enquanto o alcatrão
aquece sob o calor que emana da tua raiva. Procuro as sombras que restam nas
ruas que faltam para chegar a um qualquer lugar. É a última vez que te pergunto
porquê. É a última vez que te digo porquê. Estou a aguardar que o tempo mude e
deixe de fazer calor. Sinto o corpo a morrer na incerteza dos dias que não cessam
de continuar. Os meus pés estão gelados sobre o alcatrão molhado do orvalho do início
dos dias em que me sei sem verdadeiramente me reconhecer. É a última vez que te
pergunto. É a última vez que te digo. Estou a sentar-me no chão vazio e a
gritar no toque das tuas mãos. Vou esperar que o tempo pare e eu recomece a
respirar. É a última vez que te pergunto porquê. Desvaneço com as sombras que restam
nas paredes desta cidade vazia.
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