20/01/2012

pEl.E

Estou cansado. Limpo os olhos e as mãos da terra vermelha que chegou no vento frio da tarde. Coloco os dedos fechados nas palmas e o resto nos bolsos. Abro, lenta e dolorosamente, os olhos à medida que sinto o resto a aproximar-se. Estou cansado. Tenho as pernas a ranger no soalho apodrecido. Tenho o corpo frio como o inverno que confirmo existir somente em mim. Cumpro ordens das memórias soltas que me devastam num sol quente de um deserto esquecido em terras de uma África distante. Não tenho fé. Nem tenho já tempo para a aprender. Tenho o que penso ser um qualquer fim a chegar-me aos pés e decidi não fazer absolutamente mais nada para o impedir. Nem sequer fechar os olhos. Vou queimar-me das memórias inteiras e olhar o devir de frente. E mais nada seria expectável deste deserto que amanhece na areia vermelha da minha pele.

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