10/08/2011

inquestionabilidade

Não sei porque insisto em ficar quando tudo insiste para que eu vá.
aprendi a não olhar para trás
a não ceder ao medo
a ouvir as portas que rangem e que se batem
aprendi a questionar o inquestionável e a ter sempre dúvidas
a ouvir e a escutar as palavras dos outros
a perder
aprendi a perder
a deixar partir
a saber deixar partir
a esquecer de saber sentir
a sentir e a saber esquecer
aprendi a aceitar e a não ter fé
a escrever o apocalipse
a remendar o passado e a construir a possibilidade do futuro
a saber resolver o irresolúvel
a prendi a cair e a levantar
a andar de pé descalço na areia
e sobre as fendas dos estilhaços
a roubar o fogo aos deuses e não aos homens
a tactear o começo e fim da escuridão inteira
aprendi a não olhar nunca para trás
a perdoar o mundo
a não me perdoar a mim
aprendi a não saber aprender a aceitar que o mundo é um lugar que eu não quero mais conhecer. abandono o que sobra do que conheci, cada segundo que passa, para dentro da areia do meu deserto. Encerro os lugares da memória, da vontade e da inquestionabilidade e vou quedando. Vou deixando cada pegada revelar a minha necessidade de fuga e vou, de frente para a tempestade, aprendendo a desistir de conseguir ser mais do que isto.

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