25/04/2011

caLçada

Os espaços são pequenos. Às vezes, as ruas não chegam para fazer passar tudo.
Vagueias, abandonado, pelas calçadas desfeitas desta Lisboa esquecida. Noite após noite, passas por aqui e por ali sem saberes bem para onde vais, mas a reconhecer os odores todos. Segues todas as ruas que vêm de onde estás até onde chegas e, por breves instantes, esqueces tudo o que não faz falta lembrar.
Passeias livremente agrilhoado à tua solidão. Sabes o que te espera. Conheces o retorno inteiro e deixaste de o conseguir temer.
Aceitas uma mão estranha sobre tua face envelhecida e fechas os olhos para saberes esse momento inteiro. Começas a medo e, de forma lenta e ponderada, deixas-te serenar.
Se pudesses, ficarias onde a mão que te toca te é segura. Mas não podes.
As ruas que te separam de onde estás até aqui, até este lugar exacto, são demasiado distantes.



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