14/12/2010

Estava parado à porta. Frente da única porta que havia naquela casa velha.
Estava parado a esperar o tempo.
A esperar a imensidão das coisas que existem
dentro da possibilidade dentro do vazio
(das coisas).
Estava parado à porta e eu fingi que não te via.
Fingi que não eras tu ali porque de cada
vez que tentava lembrar-te em mim as memórias eram todas
difusas, confusas, profusas.
Esvaíam-se como areia por entre os dedos.
Não.
Como água ensanguentada
por entre os dedos.
No centro das mãos.
No ponto mais ínfimo da minha/tua pele.
Eras tu quem estava parado à porta
e eu segui no caminho oposto
a fugir de me saber
ali.

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