10/11/2023

Quero sentir na boca o frio 

e as tuas garras a arrancar o sangue quente de dentro do meu ventre

Vou agarrar a noite com os dentes para me libertar das mãos e dos pântanos que me consomem

Vou respirar o lodo com a pele dilacerada e abraçar os cardos que cavalgam o que resta dos meus sonhos 

Vou escancarar a fornalha e gritar as labaredas dentro do peito

Vou deixar que os cavalos corram desenfreados na minha liberdade condicionada a estas escaras que eu cavei com os dedos ásperos da esperança 

Quero deitar-me nos contornos de qualquer pele inscrita no carvão enquanto umas quaisquer mãos ditem o caminho da minha (re)condenação 

Quero compreender o silêncio que o fogo tem nas crinas do meu sangue

Espera...

Não...

Quero compreender nada.



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