03/11/2022

ManChEstEr

Toca-me

no canto mais putrido de minha pele

no ângulo mais sujo de meu abismo

no resto mais devastado da minha continuação 

na letra mais tosca da única palavra que me habita a lingua.


Diz-me tudo o que sabes 

sobre as linhas tortas do meu destino tortuoso 

sobre a cor da sombra dos meus dedos arrefecidos na queda do dia

sobre a rugosidade dos calhaus secos que me colhem a pele e me cobrem os olhos abertos


Grita

no meu ouvir

no que já não sei sentir

no que é sem ser e é por já ter sido

e

depois

peço-te



abandona-me ao vento.



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