Toca-me
no canto mais putrido de minha pele
no ângulo mais sujo de meu abismo
no resto mais devastado da minha continuação
na letra mais tosca da única palavra que me habita a lingua.
Diz-me tudo o que sabes
sobre as linhas tortas do meu destino tortuoso
sobre a cor da sombra dos meus dedos arrefecidos na queda do dia
sobre a rugosidade dos calhaus secos que me colhem a pele e me cobrem os olhos abertos
Grita
no meu ouvir
no que já não sei sentir
no que é sem ser e é por já ter sido
e
depois
peço-te
abandona-me ao vento.
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