18/08/2022

Cresce-me um fogo por dentro. Arde-me na voz. Arde-me no peito. Queima-me na ponta dos dedos que sinto desfazerem-se no vento que assola esta terra a oriente.

Desenho linhas que não consigo ver, usando a sombra do sangue da tua ausência...e espero que não chegue a suster-me no apelo do abismo.

Ou talvez espere chegar à orla da rocha negra dançando como um dervixe, na esperança que D me segure nos dedos de cinza e me traga de volta ao lugar anterior a este lugar que é apenas um lugar vazio. 

Sinto a crueza cruel do (des)sentido deste lugar que, por tu não estares, deixou de fazer sentido. 

Diluo meu sangue na sombra do teu, enquanto procuro nas mãos as linhas para desenhar meu passo seguinte. 

Por vezes temo não conseguir avançar pois tudo em frente, atrás, de lado, tudo o que meu olhar alcança, está a arder. Sou eu quem está a arder.

Outras vezes, sei que vou dançar até encontrar as clareiras e as linhas desenhadas com as cinzas que trago na voz, até o (des)sentido voltar a ser lugar de sentido.

O vento mantém um fogo a arder-me por dentro. Até que eu possa mudar de lugar, até um lugar fazer sentido. 

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