20/07/2021

dErviXe

entrego as feridas ao sal. ao quente da terra. às lâminas do mar que imagino por dentro de meus olhos. 

toco com os dedos no ar quente que a noite sopra e sinto como se estivesse a navegar na proa de um navio que me leva para longe de todos os aqui, de todos estes agora, de todos os (des)tempos. 

a maré traz por dentro um qualquer vento soprado a norte. faz as ondas dançarem num aroma lânguido que se deita com as areias do deserto plantado ao sul de minhas chagas. 

danço, como um dervixe enamorado de um qualquer Deus que se oculta de minha fé. 

pondero os passos. remeto tudo ao sabor do sal. lambo o sangue do chão e mergulho, 

a dançar, 

nas ondas que só existem dentro de meus olhos. 

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