Quero silenciar as vozes que
desesperam dentro da minha memória do tempo. Navegar à deriva num barco sem
vela abandonado sobre as vagas na tempestade das ausências. Afogar-me na lâmina
do frio da solidão que começa com o princípio da noite. Devastar-me no peso
inteiro das coisas por saber. Segurar na ponta da tua pele e reconhecer-me
absolutamente despido sobre a solidão da minha própria ausência.
Queria poder encontrar-me nas
vozes que sussurram todos os nomes de todas as coisas dentro de mim. Segurar-me
no abraço das letras caídas sobre muros ruídos nas chuvas que avassalam a minha
estrutura. Desesperar-me na imensidão do vazio que se abre sobre o fim das
coisas que começaram aqui. Voltar-me para dentro até me ver reflectido no
espelho da água parada de uma qualquer maré fria da madrugada. Vestir-me de
capim e sussurrar-me na pele a minha própria distância. Quero ser o que resta
de mim até desparecer.
Quero silenciar-me dentro de mim
e abandonar-me na maré. Só até reencontrar o princípio do mundo.
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