26/03/2024

são feitas de pus e sangue 

as lágrimas que lavam

as feridas abertas 

no sal da carne apodrecida


o tempo é tão implacável 

como o vento

desfaz as coisas que estão feitas

leva os restos para a lonjura 

    das coisas perdidas

    dos choros esquecidos

    dos corpos abandonados

    dos jardins queimados

    das feridas tristes

    das lágrimas contidas até à exaustão do sangue.


terá de ser suficiente

tudo o que já foi 

até este momento.  


sou feito de pus e de sangue 

estou a apodrecer por dentro 

estou parado no lugar das coisas que se perderam

    levado pelo vento

    esquecido e abandonado na exaustão das cinzas


ateia o fogo. 

    deixa-me 

por fim

    desaparecer. 

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