10/12/2022

Caminho desavinda de lugar nenhum.

Percorri as ruas vazias da minha inquietude e foi a este lugar que cheguei.

Não reconheço nada.

Não está aqui ninguém.

Há apenas o silêncio que se escuta debaixo de água e

cheiram a podre e a lixo estas ruas que desenham os traços e os troços do resto que ficou de mim.

Há sujidade por todo o lado. Minhas mãos estão cobertas de terra apodrecida, barro negro que me escorre nas veias da pele e dentro da boca.

Escavo estas ruas dentro do peito até aquietar o desassossego de quem não tem lugar.

Por tudo o que vejo,  permanece a água que escorreu das iras do tempo. Água que lava e que leva tudo o que encontra. Até o silêncio que se aquieta por dentro de si mesma. Até percorrer os caminhos e chegar, vinda de um qualquer lugar, ao lugar onde eu já não caminho.



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