Meu amor é desinteressado, não pede, não cobra, nao espera nada em troca. É em verdade e cede sem questionar, devoto na sua certeza pura. Não olha para trás, não espera nada em frente. É, em si mesmo, tudo o que é e nada mais. É sereno, dança como flores de amendoeira na brisa breve do fim do inverno. Resiste, de pé, no deserto ou na ilha. E não teme. Não desiste. Não abandona. Permanece.
Minha paixão deseja tudo. Pede. Espera. Anseia. Questiona. Rasga. Fere e quer ser ferida. É feita de sangue a correr, suor na pele, força nos dedos, quer tudo nas mãos e lugar no corpo. Grita, chora, corre, viaja e atravessa vales, montanhas e oceanos até ter o que deseja. Não cede. Soma tudo o que foi, tudo o que é, tudo o que pode ser. Guarda tudo no egoismo escarlate da tempestade da ânsia até chegar à linha do abismo e dá as mãos à queda. Sabe permanecer tão bem quanto desistir. Resiste mas não insiste. Permanece e muda. Hoje quer, amanhã oblivia. Hoje incendeia, amanhã é fria como uma manhã de janeiro.
Talvez sejamos feitos do que sustém o limite entre estes dois lugares.
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