02/01/2022

Venho aqui para ouvir os pássaros. 

Depois, talvez, os sinos.

E depois, ainda, o que resta por dentro de mim.

Não há silêncio de verdade nos lugares onde procuramos o silêncio. Há outro volume de sons. Outra textura. Outra dor. Mas há sempre um qualquer ruído por dentro. Uma qualquer voz. Um murmúrio de qualquer coisa. 

Tocam os sinos, cantam os pássaros, 

ou será que gritam?

Ouço o resfolhar de asas e cantos entre as árvores enquanto o vento as acaricia ao de leve. 

Ouvem-se os restos da cidade na curta distância que vai deste lugar até aos sons que saltam entre o telhado dos sinos e a copa dos pinheiros. 

Há vida aqui, talvez, no lugar do murmúrio de silêncio que guarda os que já partiram. 

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