As paredes exalam um aroma a eucalipto que escorre na ponta da tinta em que alguém escreveu o lugar do mundo.
Corro, descalço, com a pele a beijar a lama fria, enquanto o inverno encontra o lugar certo dentro do poema que se faz em mim.
Meu corpo parece permanecer parado no mesmo lugar enquanto, na verdade, corre até a pele cair em lágrimas quentes de suor que lavam a certeza da queda premente.
O chão permite-se cobrir das folhas vermelhas que se precipitam dos plátanos cansados que seguram as orlas do jardim, enquanto cantam o último suspiro. Como se fossem cisnes preparados para partir.
As paredes em torno deste jardim contam uma história. Basta que feches os olhos, que abras as asas e o peito, e poderás ler tudo o que ainda não foi escrito. Como uma viagem que se começa. Como um poema que ainda só se sente. Como um caminho que, temerosamente, se enceta.
Tudo a exalar, na pele que navega os lugares de lama, o aroma triste de um eucalipto que chora.
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