30/03/2020

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Ontem comecei a construir um muro em torno da casa.
Peguei nas pedras e no barro. Moldei a ideia nas mãos molhadas de terra branda e desenhei tudo até não caber mais nada por dentro do sonho.
O campo a estender-se para além da linha do horizonte e eu a cavalgar o vento no momento exacto em que o sol começa a descer na seara.
Sinto o pulsar da crina negra do cavalo que me conduz por entre as linhas dos limites que impus ao tempo.
Observo a casa que desejo em mim e refaço o muro em pedras de granito enquanto o barro me arde nas mãos. 
Deixo minhas mãos mergulhadas na água branda até que nasçam jarras onde vou colocar as roseiras e os ventos que emergem com o sol do sul que é o meu caminho inteiro. 
Ontem comecei a construir um muro em torno da casa para nada ficar fora do sonho. 

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