Não consigo mais. A dor por
dentro é demasiado intensa. Sucumbo perante a agonia do corpo. Não tolero mais
tudo o que acontece em mim e o desejo de desaparecer torna-se cada vez mais premente.
De cada vez que pego na lâmina para desferir sobre mim a angústia do fim, algo
se desvanece e o acto foge do gesto e acabo por regressar ao princípio de tudo
o que recomeça. Quero deixar-me aqui e não regressar. Quero deixar de sentir e
de cada vez que a lâmina me tocar fria por dentro da carne desta pele tenho a
sensação – por mais ínfima que dure no tempo – que posso fugir de aqui. Não consigo
mais. Quando deixamos de ser o que sabemos ser é tempo de seguir. Deixo aqui a
lâmina e desfaço-me na angústia de ser eu aqui, por dentro de todos os meus
gestos.
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