01/04/2014


Por vezes não me encontro no lugar que ocupo. Não me reconheço na imagem projectada. Não revejo os gestos dentro do corpo como se o mesmo fosse meu. Conto o tempo e não sei onde estive. Reconto os passos e não sei de onde vim. Atravesso as memórias difusas, em névoa, dentro das imagens que guardei e não tenho a certeza de serem reais. Perco-me demasiadas vezes no caminho para ter sabido ter estado ali. Preciso do que reconheço não poder nunca chegar a ter e iludo-me na sensação de que não sou eu quem procura. Quero olhar para mim e juro que não me encontro aqui. Eu não sou eu nem o outro, sou qualquer coisa de intermédio, dizia o poeta morto dentro de si mesmo. Eu não sou eu sem ti. E essa é a única verdade do universo que eu reconheço. E tu és o único lugar em que eu existo.

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