Por vezes não me encontro no
lugar que ocupo. Não me reconheço na imagem projectada. Não revejo os gestos dentro
do corpo como se o mesmo fosse meu. Conto o tempo e não sei onde estive. Reconto
os passos e não sei de onde vim. Atravesso as memórias difusas, em névoa,
dentro das imagens que guardei e não tenho a certeza de serem reais. Perco-me
demasiadas vezes no caminho para ter sabido ter estado ali. Preciso do que reconheço
não poder nunca chegar a ter e iludo-me na sensação de que não sou eu quem
procura. Quero olhar para mim e juro que não me encontro aqui. Eu não sou eu nem o outro, sou qualquer
coisa de intermédio, dizia o poeta morto dentro de si mesmo. Eu não sou eu
sem ti. E essa é a única verdade do universo que eu reconheço. E tu és o único lugar
em que eu existo.
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