01/04/2013


é sempre inverno agora.

há uma primavera a querer começar e não há tréguas.

a chuva queda como se amanhã não houvesse mais do que a possibilidade de continuar um dilúvio puro para lavar a terra que ficou nas mãos cansadas depois da guerra.

hoje foi mais um dia deste dilúvio contínuo. caíram serras e montanhas dentro do mar revolto. cairam marés dentro da areia afogada em si. caíram homens dentro das suas próprias almas.

a maré cinzenta a consumir a cidade das cidades e a sombra das sombras. as mãos da terra e as terras das mãos.

o céu a enegrecer cada fragmento bélico no ar e a não ser possível respirar sem medo.

não olhes para o céu agora que é da cor da terra nas tuas mãos antes do mar chegar no resto da maré do dilúvio cansado e lavar tudo.

guarda tudo o que não queres que o inverno devaste porque já falta pouco tempo para tudo voltar a terminar. mais uma vez.

se o dilúvio de lágrimas em que o céu se desfez terminar, já não se recuperam as almas mas volta a ser possivel respirar o ar das marés, sem medo de cair na areia e se afogar.

não olhes para o céu. agora. espera.

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