24/11/2012

as mãos apertadas nos braços cerrados e a noite a cair. a emenda impossivel do erro consagrado com o silêncio de uma solidão antiga. derramar os resquicios do pó sobre a terra para lembrar como a chuva deveria cair.
as mãos cerradas sobre o abraço apertado e o reconhecimento absoluto da incapacidade total de se poder ser um pouco além do expectável.
a certeza, a infeliz certeza, de que a competência nula sobre si mergulha e invade cada fragmento da sua tentativa.
reconheço o que perdi desde que aqui regressei. reconheço e reservo o segredo do que sei ter perdido.
talvez me tenha exaurado sem saber porquê, talvez tenha entregue o corpo à sede e a alma à fome e tenha, em verdade, perdido quase tudo.
não tenho a coragem que guardava em mim enquanto frente ao deserto infinito.
não tenho a força que tinha junto ao mar de sal imenso.
não tenho a segurança que tinha no caminhar sombrio das noite bélicas.
e agora tenho medo de dormir. agora tenho medo de encontrar. agora canalizo para o lado errado de mim e não encontro a saida. não encontro o caminho. o sentido. a vontade. não encontro a noite nem o sul. invento desculpas como quem esculpe a pedra. num poço sem fundo luto desesperadamente pela tona, pela superficie.
e espero. e procuro. encerro as mãos sobre um abraço fechado
                                                                                      e canto.

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