16/12/2021

não há razões, nem porquês, nem motivos.

talvez sejamos meramente o que podemos ser. as imperfeições, os fragmentos rasgados no ar, as palavras não ditas, os sentimentos não sentidos, as sequências inconsequentes de nadas ou tudos permanentes.

começamos e terminamos sempre no mesmo lugar. da mesma forma. num tempo diferente. 

o mar embate nas ondas enquanto entoa uma melodia que nem sempre conseguimos ouvir. as ondas desta noite definem o nome do teu abismo. contorna as linhas da costa que te desfaz. grita dentro de mim o que não és capaz de me dizer.

talvez haja uma redenção na forma como não dizemos tudo o que deveríamos. uma forma de pacificar a nossa relação com um qualquer deus que nos espera do lado oposto ao lugar em que sabemos estar vivos. para lá das ondas. para longe das linhas. fora das melodias. 

não há razões. nem porquês. nem motivos. 

somos pouco mais do que quase nada e isso terá de ser o suficiente.

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