Lambi a ferrugem dos grilhões que arrastas dentro da noite segregada a ouvidos adivinhadores
tenho a boca a saber ao ferro
a alma a saber a miséria
sinto-te na falta
tenho-te em falta mas não tenho falta de nada de ti
tenho os dedos a saber a tempo e a desventurança
o sexo a gritar saudade e a secar por dentro da desesperança
a pele a queimar inteira a poesia da incerteza e a cobrir o vazio do vento frio da serra triste.
tenho galhos secos em lugar das mãos
ferrugem no lugar do sangue
amarras no lugar das lágrimas
pudor ao invés de amor.
Lambi a ferrugem do tempo e fiquei parada.
procuro formas de regressar às formas e parece que tudo foge dos dedos, dos galhos, do sangue enferrujado, do silêncio dos gritos contidos, das desventuranças da incerteza de saber sentir do lado certo da alma.
Talvez encontre o caminho de volta ao vento que sopra de feição às ondas e às folhas. ou talvez permaneça somente assim, a arrastar-me quieta no interior da noite.
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