trazes na ponta dos dedos os contornos do meu abismo. o desenho das minhas costas. as sombras do meu corpo.
trazes nos contornos das mãos, a minha indelével obra.
quando olho para dentro do que há em ti, revejo-me nos passos que dás quando me deixas ficar só.
quando partes.
quando me abandonas.
mas é quando eu te abandono que reconheço os lugares certos de tudo.
trago nos dedos o começo do teu deserto. o contorno da tua face. a luz da tua alma.
trago nas mãos o tempo que tivemos junto ao mar e escrevo teu nome na areia.
desenho-me no voo das asas de uma gaivota enquanto aguardo que o tempo chegue.
de ficar.
ou de partir?
trago-te nas mãos de tinta que verto sobre a maré até desaparecer no voo das ondas.
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