segura-me na ponta da língua.
despe-me, até não ficar nada sobre a pele.
ama-me como se amanhã não pudesse existir e não houvesse mais nada em que fosse possível crer.
toca-me como se o mundo inteiro parasse por dentro das tuas mãos.
acolhe-me até eu ficar sossegado.
abraça-me até ao fim da noite inteira.
ama-me até não ficar nada por dizer.
canta-me enquanto houver música por dentro de ti.
vaza-me de tudo o que não importa, até a esperança ficar a dançar de frente para nós.
guarda-me no silêncio sagrado que existe na tua voz até meu abismo não ser mais do que um grão de areia na praia que é teu corpo.
cobre-me com o manto de água que é tua liberdade até eu ser mais do que chuva.
ama-me enquanto eu me desfaço dos segredos e me separo do peso que insisto em carregar pelas estradas que me levam até ti.
segura-me na boca.
despe-me nas mãos.
ama o que resta de mim enquanto eu posso.
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