10/03/2010
situação
Presenciei uma discussão sobre Deus e o Diabo, e fiquei calado; calado como se a minha voz fosse uma arco de silêncio em toda a sua extensão; que poderia eu dizer? que deveria eu calar? fiquei assim, vendo de um lado gente e do outro gente, gente de humanidade e humanidade na gente, vendo a raiz a ser decepada em nome de um tal Deus diabólico e de um Diabo deificado. Esta não é decididamente a minha luta - nem de perto, nem de longe - , o chão onde me movo, o som que faz sinfonia na minha existência: quero mais além de Deus e do Diabo, e mais além é nem um nem outro - quando dei por mim estava sentado na ribeira da Fonte, junto às açucenas em flor, às bananilhas de cheiro inconfundível e o meu olhar perdia-se nas águas límpidas e cristalinas que escorriam na Granja, e o meu pensamento parecia um pousio, uma Terra do Centeio em inverno continuado; presentei uma discussão sobre Deus e o Diabo, e só me apetecia estar sentado de pés descalços dentro da água da ribeira, vendo-a levar o que restou em excesso carente de mim.
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