02/12/2019

deZembrO

é a margem deste rio que me salva de mim quando me aproximo demasiado da aresta da minha culpa
toco a água com a certeza da pele a arrefecer no lugar que fica entre minha angústia e minha distância.
a chuva, hoje, permitiu-se dar tréguas no seu combate e o sol permitiu-se ficar
sem medo, 
neste dia de um dezembro que se anuncia lento e escarpado.
é na margem do rio que me salvo de mim mesmo quando toco no frio da minha insuficiência
da minha incapacidade
da minha eterna impossibilidade de ser lugar onde o sol pára para tocar. 

toco-me na água 
na verdade
para confirmar a minha condenação.  

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