há momentos
em que
não
tenho
qualquer
hipótese
de
lutar
contra as correntes
do
que
és
junto de minha pele
Por vezes,
a pele da tua voz
é tecida com as linhas desfasadas dos fragmentos dos gritos e das preces que te ocupam os dedos,
dos segredos e dos silêncios que te prendem as asas,
das palavras e dos beijos velados que te restringem a essência,
da pedra talhada de mãos abertas sob o olhar da água e do abismo da escarpa.
Por vezes,
a tua voz,
tem o sabor do cansaço da tristeza.
arranca a pele que tenho presa nas mãos nos braços na cruz do peito arranca com força sem hesitar agora sim agora não pares não podes parar agora arranca tudo com as unhas os dentes os dedos cerrados dentro dos punhos violentamente arranca a minha pele de mim até se ver a carne até sentires o sangue até imaginares a dor e não pares nem por um segundo continua continua até ao ventre rasga meu ventre abre o meu corpo a meio e tira tudo o que sobra lá dentro leva desfaz agora sem hesitar peço-te que tenhas coragem na violência que te desfaz para me desfazer a mim agora arranca a pele toda da minha alma.