10/06/2024

Está escura, esta noite. 

O dia passou o tempo a entoar uma melodia agónica que me desfez por dentro. Desconheço a razão, o motivo que me levou a perder a batalha. 

Às vezes (ou sempre) é preciso ter vontade e por vezes (nem sempre) o é possível.  

Caminho, desatenta das ruas vazias da cidade. Ouço apenas o que me diz a noite. Parece que sussurra um poema triste, feito de histórias inacabadas, monstros alados, sarilhos serenos, tempestades imperfeitas, desesperança...sobretudo, desesperança. 

Debaixo dos meus passos, morrem uma segunda morte as flores caídas dos jacarandás. Tudo tem um começo e, por isso, inevitavelmente terá fim. As flores de jacarandá cessam duas vezes...morrem de tempo e morrem de mim. 

Em cada passo, ouso querer adiar uma queda mas o que faço é mentir por dentro e devagar, uma flor de cada vez, construir a ilusão de que há uma razão.

Há tantas razões como há flores caídas por dentro da noite. 

Está escuro.

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